quarta-feira, 23 de maio de 2012

Sábado tem marcha das vadias no Recife


Esta perspectiva, associada ao caráter irreverente e indignado do protesto que deu o tom das marchas das vadias de 2011, será retomada no próximo sábado, 26 de maio, em nove capitais e algumas cidades do interior do país.

No Recife, a concentração da Marcha das Vadias acontece neste sábado, às 14h, na praça do Derby, local onde serão realizadas performances, confecção de cartazes, com um espaço aberto à livre manifestação das pessoas presentes. Tudo isso com o objetivo de denunciar o machismo que considera as mulheres vítimas de violência sexual diretamente responsáveis pelas agressões que sofrem.

Os protestos organizados no ano passado surgiram no Canadá, após declaração de um policial, o canadense Michael Sanguinetti, que numa palestra sobre violência afirmou: as mulheres evitariam estupros se não se vestissem como vadias, vagabundas (sluts). A primeira Marcha das Vadias (Slut Walk) aconteceu em 3 de abril daquele ano, em Toronto, Canadá, reunindo três mil manifestantes, a maioria composta por mulheres, e, a partir daí, espalhou-se mundo afora.

Este ano, como em 2011, a organização da Marcha das Vadias no Brasil teve início a partir da criação de “evento” postado na rede social Facebook, porém com o reforço de articulação com inúmeras/os integrantes de organizações dos movimentos sociais ligados ao feminismo, ao movimento estudantil e à defesa dos direitos humanos, além de artistas e intelectuais que atuam em diversos espaços.

De maneira geral, a expressão pública das "vadias" questiona o que causa mesmo um estupro. Seria o consumo de álcool? Uma mulher vestindo uma roupa sexy? Uma mulher andando só? Perguntas expostas em cartazes finalizados com aquela que é a única resposta possível e – óbvia: “O que causa um estupro é um estuprador.” Simples assim. Em outras palavras, nenhum homem tem o direito de abusar sexualmente ou estuprar qualquer mulher, não importa que roupa ela esteja vestindo. Estupro é crime. Violência contra as mulheres é crime. E ponto final

De forma criativa e ousada, as mulheres seguem reivindicando o direito ao exercício pleno de sua sexualidade e de suas vontades. É necessário punir quem comete crime de violência contra as mulheres. Esta deve ser uma prioridade das políticas públicas implementadas pelo Estado brasileiro. E, no âmbito mais geral da sociedade, é preciso enfrentar todo pensamento que subordina as mulheres e, no caso das mulheres negras, que propõe a percepção da ideia de “mulata brasileira”, como um produto sexual a ser mercantilizado.

As diferentes manifestações canalizadas para as Marchas das Vadias que se espalharam pelo mundo e no Brasil reivindicam o direito das mulheres à liberdade e à autonomia, e denunciam a exploração à qual o corpo das mulheres é submetido numa sociedade patriarcal, capitalista e racista. Deste modo, recordam e se vinculam, no seu tom geral, a uma histórica insígnia feminista.
A Marcha das Vadias atualiza uma dimensão coletiva da expressão "Meu corpo me pertence", que reivindica o direito das mulheres a decidir sobre o próprio corpo, repudiando a ideia de corpo como objeto ou mercadoria. Propõe, portanto, a compreensão da vida sob uma perspectiva do corpo (corpo-mente) como dimensão insubstituível de nossa expressão no mundo, na qual vivenciamos todas as nossas experiências, ao longo da vida. Nossos corpos nos pertencem, nossos corpos "somos", pois é incontornavelmente por meio do corpo que seguimos "sendo".

Após dados colhidos pela CPMI da Violência Contra a Mulher, Pernambuco encontra-se como terceiro estado onde há mais homicídios de mulheres no país, e o município de Escada lidera o ranking como a cidade brasileira onde mais mulheres morrem no Brasil em consequência da cultura machista, portanto, em nosso estado, faz-se mais do que necessário esse tipo de manifestação. (Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/violenciacontramulher/CPMI-visita-Pernambuco-na-proxima-segunda-feira.asp

Como destacou o manifesto do movimento de mulheres em Pernambuco, no último 8 de março: "Nosso corpo é nosso primeiro território, onde nossa vida habita. Nem do pai, nem do patrão, nem do médico, nem do mercado, nem do pastor, nem do padre. Nosso corpo nos pertence."




Serviço:
II Marcha das Vadias, no Recife
Dia 26 de maio, com concentração a partir das 14h
Local: Praça do Derby