A pergunta não é respondida nem pelo elenco, mas o diretor e
intérprete de Zeus e do magnata McGuire, Miguel Falabella faz uma definição,
digamos, subjetiva. “Xanadu é um musical esquizofrênico. Essa miscelânea da
Grécia Antiga com anos 80 não pode ser conceituada logicamente. Xanadu não se
explica, não se teoriza sobre ele, apenas vive”, afirma. E só mesmo indo ao
teatro para definir essa magia de Xanadu, que realmente, não pode ser
explicada, mas vivida, sentida e contagiada com humor. E humor “politicamente
incorreto”.
Um exemplo do escracho ocorreu na sequência do Olimpo. Em
cena com a atriz e cantora Gottsha (que é obesa), Miguel Falabella no papel de
Zeus, brada: “você sempre teve inveja da sua irmã (Clio, interpretada por
Danielle Winits), imagina que desgraça seria se fosse você no lugar dela no dia
do acidente”. Exatamente! O acidente referido foi o que Danielle e Thiago
Fragoso sofreram no começo do ano, o que ocasionou a saída de Fragoso,
substituído por Danilo Timm. E Danielle estava em cena.
Romantismo – O casal principal, Sonny (Danilo Timm) e
Clio/Kira (Danielle Winits) se conhece num momento de desespero do Sonny,
artista fracassado que pensa em se matar. No entanto, Clio, musa inspiradora,
se prontifica a ajudar o jovem e se apaixona por ele. Danielle mostrou por que
é uma estrela da dramaturgia brasileira, pois além de interpretar, canta, dança
e passa todo o tempo patinando pelo palco. Timm, escalado para substituir
Thiago Fragoso, é uma grata revelação, alternando doses equilibradas de drama e
comédia. Certamente ainda vamos ouvir falar muito desse ator.
Falabella – Com a saída de Sidney Magal, Miguel Falabella
acumulou a direção com a atuação do magnata ganancioso McGuire e do Zeus, o
deus do Olimpo. Mas a conhecida capacidade de improviso, com um leve quê de
Caco Antibes (“Cala a boca, Magda!”) arrancou risos da platéia todo o tempo. E
com o humor ácido que já havia citado no início da matéria.
Vilãs – Duas atrizes roubaram a cena, literalmente: a
cantora e atriz Gottsha (a cantora Crescilda, de Senhora do Destino), na pele da musa invejosa Melpômene e a
multiartista Sabrina Korgut que interpretou a atrapalhada Calíope e a
ninfomaníaca Afrodite. Conhecida no Centro-Sul do País na participação de
musicais, Sabrina ainda não é conhecida. Ou melhor, não era. Outra que ainda
vamos ouvir falar muito.
Multiartistas – Maurício Xavier, Brenda Nadler, Karin Hills,
Lucas Drummond, Giovana Cursino, Carla Vazquez e Fabrício Negri arrasaram como
as musas, as sereias e tantos personagens de apoio que cantaram, dançaram e
interpretaram muito bem seus papéis. Destaque para Negri, que também
interpretou o jovem McGuire e arrasou em um número de sapateado.
Música & Dança – Outra excelente surpresa foi a parte
musical da peça, pois tudo foi executado ao vivo, com instrumentistas no palco,
que interagiam com os atores. Dirigidos por Carlos Bauzys, os músicos levaram a
batida discothèque ao longo da peça. A coreógrafa Fernanda Chamma teve o
desafio de fazer o elenco inteiro patinar (o único a não se arriscar nos patins
foi Miguel Falabella) e deu uma beleza extra ao espetáculo.
Coletiva – Horas antes da estréia, os atores Sabrina Korgut,
Danielle Winits e Danilo Timm participaram de uma entrevista coletiva em um
hotel na praia de Piedade. Ao ser questionado sobre substituir Thiago Fragoso,
Timm afirmou que procurou representar a construção do personagem dada por
Thiago, embora imprimisse um estilo próprio. Danielle, por sua vez, ressaltou
que a adaptação do texto pelo jornalista Artur Xexéo deu um tempero mais
brasileiro ao musical norte-americano.
Cenas inesquecíveis de Xanadu:
- A montagem do mural, logo no começo da peça;
- A entrada de Falabella como McGuire;
- O sapateado de Fabrício Negri;
- A química entre Sabrina Korgut e Gottsha no papel das
irmãs más;
- A interpretação de Sabrina Korgut como Afrodite;
- A sequência em
que Clio viaja num cavalinho alado;
- A vinda de criaturas mitológicas, com destaque para o
Centauro;
- As cenas de romantismo entre Clio/Kira e Sonny.
Serviço:
Datas: 28 e 29/04
Horário: 21h (a peça dura mais de duas horas)
Local: Teatro da UFPE (Cidade Universitária)
Vendas de Ingressos: Loja Monsseraz (Shopping Recife) e
Bilheteria do Teatro.