Você sabe a origem da corrente de ouro ou da jóia Valentine que lhe ofereceram? Não, porque a fonte deste metal precioso é muitas vezes questionável. Por ocasião do dia dos namorados, comemorado hoje na França e outros países (no Brasil se comemora em 12 de junho), as ONGs estão a soar o alarme sobre as consequências do garimpo ilegal
O primeiro impacto negativo é o desmatamento. Como resultado do aumento dos preços do ouro (450% entre 2001 e 2010), algumas regiões do hemisfério sul (África e América Latina) sofrem com a liquidação maciça de operações de garimpo que não têm sanção oficial. Eles seriam bem mais de 10 000 mineiros ilegais que trabalham no planalto da Guiana, particularmente afetadas por este fenómeno. No resto do mundo, Peru, Colômbia, Filipinas, Burkina Faso, Benin, Congo, Níger e Gana, a mineração de ouro, legal ou ilegal, é generalizada.
Segundo a WWF, que publicou um relatório feito a partir de observações de satélite, o desmatamento relacionados à mineração de ouro triplicou em oito anos nas Guianas e uma parte do Amapá, de 22.000 hectares em 2000 para 65.000 hectares em 2007-2008. Resultado: a vasta biodiversidade e ecossistemas únicos que caracterizam esta região estão sendo afetadas, bem como o habitat de comunidades indígenas, forçadas a migrações.
Além de hectares de florestas primárias na fumaça, também é ilegal a recuperação de ouro poluente. A técnica mais utilizada pelos operadores ilegais para recuperar o ouro é, de fato, ainda baseado na utilização de mercúrio amálgama as partículas de ouro, apesar da proibição de utilização deste metal pesado em 2006. Para recuperar 1 kg de ouro, os mineiros e utilização ilegal 1,3 kg de mercúrio, com escapes 10% nos cursos de água.
Sob a ação da acidez da água, o mercúrio é transformado num derivado perigoso, o dimetil mercúrio, que se encontra ao longo da cadeia alimentar e tem implicações para a saúde. Estudos sobre o cabelo das pessoas locais têm demonstrado em 30% dos níveis de mercúrio acima do limite de limiar de saúde estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, alerta a ong ecológica WWF.
Para lutar contra o branqueamento de ouro sujo, então a WWF propõe reforçar os controles nos países produtores, mas também para garantir uma melhor rastreabilidade de ouro. Para hoje, segundo uma pesquisa da associação, 82% dos trabalhadores de jóias (fabricantes, distribuidores, refinadores, etc) não sabem a origem do ouro, que passa por suas mãos.
Le Monde - França