Dois militares brasileiros morreram no incêndio ocorrido na madrugada deste sábado da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). A informação é de pesquisadores que estavam no local. A identidade das vítimas, no entanto, ainda não foi confirmada. O acidente ocorreu na Praça de Máquinas, onde ficam os geradores de energia, por volta das 2h (horário de Brasília), segundo nota da Marinha do Brasil, que confirma um militar ferido. Os integrantes do Grupo-Base (militares da Marinha responsáveis pela manutenção e operação da EACF) trabalham no combate ao incêndio.
Em nota divulgada no início da tarde de hoje, a Marinha se limita a informar que dois militares estão desaparecidos e que não há cientistas entre as vítimas. Os desaparecidos foram identificados como o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos.
De acordo com o governo, os 30 cientistas, um alpinista que presta apoio às atividades de pesquisa e um representante do Ministério do Meio Ambiente que estavam na Estação no momento do acidente estão bem e já foram para Punta Arenas (Chile) ou estão em deslocamento para a cidade chilena. Antes, eles saíram da estação de helicóptero para a Base chilena Eduardo Frei. A Defesa trata o acidente como uma ocorrência gravíssima.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) vai resgatar os militares e pesquisadores. De acordo com a FAB, o avião, um Hércules C-130, deve pousar em Punta Arenas à meia-noite deste domingo. A aeronave deve chegar ao Brasil por volta das 8h30, na Base Aérea do Galeão. Assim que as condições meteorológicas permitirem, uma equipe com apoio do navio chileno Lautaro vai se deslocar para a base para avaliar os danos causados à estrutura da Estação.
Pela internet, pesquisadores que estavam na estação relatam que o incêndio destruiu tudo na base brasileira e que houve explosão de nitrogênio. Yocie Yoneshigue Valentin, coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), disse que soube, por pesquisadores que estavam no local, que o alarme não tocou no momento do acidente e que todos tiveram que sair às pressas, sem levar bagagem nem documentos.
- Perdemos equipamentos caríssimos, de US$ 120 mil. Acredito que esteja tudo carbonizado. No verão, ficam cerca de 60 pessoas trabalhando lá, entre pesquisadores, militares e o pessoal do arsenal de Marinha - disse Yocie, acrescentando que todos os pesquisadores estão bem e vão voltar ao Brasil em um avião da FAB.
O Navio-Polar “Almirante Maximiano”, da Marinha, partiu de Punta Arenas em direção à EACF para prestar o apoio necessário. Ainda segundo a nota, dois navios da Marinha da Argentina e dois botes da Estação polonesa de Arctowski apoiam as ações nas imediações da EACF. E três helicópteros da Base chilena também prestam apoio.
Permanecem na EACF, além do Grupo-Base, 12 funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. A Marinha afirma que um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar as causas do acidente.
Jornal O Globo