quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Greve de fome em frente à TV Globo completa 48 horas e segue adiante por vítimas do Pinheirinho

O jornalista Pedro Rios Leão permanece algemado há 48 horas a um mobiliário urbano, em frente à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, Zona Sul da cidade, e pretende seguir em greve de fome contra a atuação da Polícia Militar paulista em Pinheirinho, no município de São José dos Campos, interior paulista. Sentindo-se “meio estranho e cansado”, o manifestante acredita que seu sacrifício é uma forma de alertar às autoridades para o “crime perpetrado contra uma comunidade pacífica, atualmente refém da PM do governo de São Paulo”.

– Minha maior arma é o constrangimento porque passa a TV Globo, que simboliza a mídia conservadora e maniqueísta que escondeu o massacre cometido pela polícia e por agentes da guarda municipal de São José dos Campos. Houve mortes em Pinheirinho e ninguém denunciou isso. Minha greve de fome tem o objetivo de denunciar os atos de barbárie cometidos contra uma população desarmada. Meu protesto é para que o governador Geraldo Alckmin seja preso. Que os desembargadores que assinaram a ordem para que a violência ocorresse sejam presos. Que o proprietário daquelas terras, o especulador Naji Nahas seja preso – protesta Leão.

Exposto às intempéries, como a chuva forte que caiu sobre o Rio de Janeiro no final da tarde desta terça-feira, Pedro Rios Leão não conta com qualquer abrigo “exceto o apoio de todos aqueles que estão aqui ao meu redor”, disse. Uma pequena multidão, com 26 pessoas, cercavam o jornalista no início da noite.

– Passou há pouco um carro da PM aqui do Rio e conversei longamente com o oficial responsável aqui pela área do Jardim Botânico. Ele assegurou que meu protesto é legítimo e não haverá, da parte dele, qualquer iniciativa no sentido de interrompê-lo – relatou.

Perguntado pelo Correio do Brasil até quando pretende seguir adiante com a greve de fome, Pedro Rios Leão disse que 48 horas ainda é pouco tempo para avaliar a extensão do movimento.
– Cresce à cada minuto o apoio de todos a este protesto. Tenho certeza que o vídeo divulgado na internet já chegou à Presidência da República e espero uma intervenção federal em Pinheirinho, para livrar os habitantes do jugo policial em que se encontram, como forma de atender a essa reivindicação mínima para o encerramento da greve de fome.

Embora a Rede Globo não tenha citado, em nenhum dos noticiários, o fato que ocorrem na porta da frente de sua sede nacional, jornalistas da emissora procuraram o colega para se solidarizarem com o protesto em curso. Pedro Rios Leão segue revoltado com o silêncio da mídia conservadora.

– O sistema político-econômico parece começar a enfraquecer e da mesmo forma o sistema midiático brasileiro começa a ser questionado cada vez com mais veemência. A Justiça não vai fazer nada, eu estou em frente a Globo porque é o último ponto de resistências deles, e o máximo que eles vão fazer é abafar o caso, mas não deixo isso acontecer porque estou aqui – afirmou.

Veja o vídeo em que o jornalista dá seu depoimento:



Correio do Brasil