Um termo de cooperação assinado pela APAS (Associação Paulista de Supermercados) e pelo governo do Estado de São Paulo vai tornar a rotina dos supermercados menos prejudicial ao meio ambiente. A partir desta quarta-feira, 25 de janeiro, aniversário de 458 anos da cidade, a campanha "Vamos Tirar o Planeta do Sufoco" será colocada em prática e as sacolinhas plásticas serão banidas dos estabelecimentos associados à APAS, que representa 90% do setor no Estado. “A Campanha é apenas o começo de grandes ações sustentáveis que o setor supermercadista adotará pensando na preservação do meio ambiente”, ressaltou o presidente da APAS, João Galassi.
A solução para os consumidores será o uso das sacolas retornáveis, os antigos carrinhos de feira, caixas de papelão - que o próprio mercado doa - e a compra de sacolas biodegradáveis - feitas com amido de milho. Para chegar a essa campanha, a APAS vem trabalhando desde 2007, quando aderiu ao projeto “Eu não sou de plástico‟ - criado pela prefeitura de São Paulo - para que os paulistanos reduzissem o uso de sacolas plásticas. Desde então, a associação envolve-se em ações pela causa, que ganhou reforço em novembro do ano passado quando oTribunal de Justiça de São Paulo decidiu manter a suspensão da lei que proíbe o uso das sacolinhas.
Para mobilizar a população e destacar os benefícios ao meio ambiente, sacolas gigantes foram instaladas em 11 pontos de grande movimentação da capital. Esculturas com mais de quatro metros de altura, fabricadas com material reciclado exibem a data da mudança e explicam as vantagens de mudar os hábitos na hora das compras. Os monumentos podem ser vistos nos parques Ibirapuera e Vila Lobos, na avenida Paulista e nos principais pontos da região central da cidade. Além da circulação urbana, a APAS aposta em campanhas publicitárias que circulam nos jornais, nas rádios e nos principais programas da televisão aberta.
Sacolas x consumidor
O objetivo da campanha é incentivar a sociedade brasileira a rever seus conceitos sobre a questão do lixo. As mudanças serão gradativas e irão atingir outros seguimentos da indústria de alimentos. Para o professor Assistente-Doutor da Faculdade de Engenharia Ambiental, da Unesp, Sandro Donnini Mancini, o consumidor desenvolveu hábitos que agridem ao meio ambiente por comodidade. “A grande questão é a mudança de hábitos, que ocorre gradativamente como aconteceu com o costume de usar o cinto de segurança”, relata o professor.
Outra dúvida que assola os consumidores é a qual melhor maneira de levar as compras para casa. “Para trazer as compras para casa o mais correto são as sacolas retornáveis, desde que periodicamente lavadas para evitar contaminações”, afirma Mancini. Já para questão do lixo doméstico habitualmente retirado em sacolas plásticas, a melhor alternativa é a mudança para sacos plásticos pretos. “São mais grossos e resistentes que as sacolas descartáveis e muitos deles contêm plástico reciclado”, destaca.
Com a grande procura das principais redes de supermercados, a sacolinha biodegradável pode faltar para os comércios menores. Grandes redes como Pão de Açúcar/Extra, Carrefour e Walmart encomendaram mais de um milhão de unidades em dezembro e têm estoque garantido. A expectativa da associação é que a grande demanda cause problemas apenas nas primeiras semanas. Aos poucos, os consumidores irão se habituar as alternativas viáveis. Os principais supermercados apostam na sacola conhecida como Ecobags. O modelo fabricado com ráfia será vendido a R$ 1,99 no Pão de Açúcar e R$ 2,90 no Carrefour. Já as bolsas feitas do material de garrafa PET têm preço variável entre R$ 5,99 e R$ 6,99 - depende do modelo escolhido e do supermercado.
Legislação
O fim da distribuição no Estado de São Paulo é resultado de um acordo entre os supermercados e não tem força de lei. Não há punição para quem descumprir. A cidade de Jundiaí foi pioneira em implantar o projeto. Com o apoio da Prefeitura da cidade, Sindicato do Comércio Varejista e Câmara de Dirigentes, a campanha foi lança no inicio de junho de 2010. Em seis meses, mais de 240 toneladas de resíduos deixaram de ser geradas.
O sucesso da campanha está atribuído à extensa lista de danos causados pelo plástico. Os danos imediatos incluem o entupimento de redes de águas pluviais e de esgotos, poluição dos cursos d'água, riscos para a vida silvestre e uma infinidade de problemas que agravam a situação das chuvas. Para mais informações, o site oficial do projeto faz atualizações diárias sobre as novidades da campanha.
Brasil 247