sábado, 30 de maio de 2009

Comentário - Competências da Leitura e da Escrita na Era Digital




Redação - Comentário sobre o texto


Competências da Leitura e da Escrita na Era Digital


Saber ler e escrever é muito mais do que jogar palavras no papel ou em uma tela de computador. Isso porque as palavras têm maior profundidade do que apenas letras e fonemas. Além do mais, as formas convencionais de estudo desencorajam qualquer iniciativa de maior investigação à leitura. Como se não bastasse, o uso incorreto das tecnologias digitais em vez de auxiliar, muitas vezes atrapalha a produção de textos.

As palavras são muito mais do que se lê ou escreve. A superficialidade de alguns textos “repartidos” em fotocópias ou de trechos “ctrl c + ctrl v” acabam por fazer joguetes lingüísticos e palavreados sem quaisquer conexões. Isso acarreta em um conteúdo incompleto e na omissão de fontes. Frases famosas, citações que muitas vezes não se sabe quem é o autor.

As cópias “aboletadas” em pastas acumuladas nas casas de Xerox muitas vezes são mutilações. Não existe um encorajamento de interpretar e refletir os textos que são lidos. Talvez venha da cultura de estudar livros sagrados (a Bíblia ou o Alcorão, por exemplo) e tê-los como verdade absoluta. Mas Cysneiros é bem claro no seu texto: “só se aprende a ler bem quando se lê de maneira mais ativa e inquiridora”.

O texto se propõe a ensinar a ler, mas descobrindo nuances e analisando o contexto da época. Um exemplo: o livro O Mulato, do escritor Aluísio Azevedo, descreve o protagonista como um homem de mãe negra e pai europeu, sendo ele um mestiço de olhos azuis. Ora, na época em que o romance foi escrito (final do século XIX) a Genética estava sendo descoberta por Mendel, que começara a pesquisar com ervilhas. A transmissão de caracteres como cor de pele, olhos e cabelos seria estudada muito tempo depois.

O uso errado de novas tecnologias acaba por distorcer a ideia de leitura. Os textos mutilados acabam dando lugar ao “ctrl c + ctrl v” e a abreviações que tiram o sentido da palavra, como vc (você), tb (também), pq (por que) entre outras. E o incentivo à interatividade, tão propagada pela internet? Onde está? O texto do Prof, Cysneiros nos fornece vários subsídios de como interagir com um texto, com informações complementares, impressões pessoais, bem como um bom dicionário ao lado.

Por tudo isso que acabei de explanar, a leitura e a escrita devem ser atividades mais profundas do que apenas colocar palavras e decifrá-las. Contextualizar a época e saber interagir com o conteúdo, fazer das palavras a sua arte. A arte de expressar-se, de demonstrar suas idéias, análises e concepções. Encerro esse comentário com um poema do Olavo Bilac, Profissão de Fé, em que a escrita é citada como uma bela-arte.




Profissão de Fé

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como prata firme
Corre o cinzel.

Ver esta língua, que cultivo,
Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo
Dos infiéis!...

Celebrarei o teu oficio
No altar.- porém,
Se ainda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança,
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!